Há muito tempo, havia um homem que tinha uma ferida muito grave na perna. Ele não conseguia ficar de pé ou andar. O homem vivia numa aldeia com a mulher e os seus filhos.

O casal tinha três filhos e uma filha. A rapariga chamava-se Nangila. O dever dela era tomar conta do seu pai. Os rapazes trabalhavam na terra e pastavam os animais.

Nangila era uma rapariga muito bonita. Todos os aldeões gostavam dela e respeitavam-na. Os seus pais queriam um bom marido para Nangila. Eles arranjaram uma tarefa bastante difícil para encontrar o homem certo.

O homem que quisesse casar com Nangila teria de trazer uma erva do lago que ficava perto da aldeia. Esta erva servia para curar a ferida do pai de Nanguila. Mas o lago estava cheio de espíritos perigosos.

Alguns homens tentaram obter a erva mas voltaram sem ela.

Alguns homens não chegaram a regressar do lago.

Nangila ficou preocupada. Nem mesmo os seus irmãos iam para o lago. Um dia, ela decidiu ir sozinha buscar a erva. A mãe disse-lhe: "Minha filha, se os homens fortes falharam, como é que tu vais conseguir"?

Mas Nangila já se tinha decidido.

A caminho do lago, Nangila encontrou uma mulher mais velha que transportava madeira. Ela ajudou a mulher a carregar a lenha. A mulher agradeceu. Ela disse a Nangila: "Vou explicar-te como chegar ao lago dos espíritos e o que deves fazer quando lá chegares".

Quando Nangila chegou à margem do lago, viu a família dos espíritos a beber e a dançar. Ela esperou e ficou a observar. Um a um, os espíritos adormeceram.

Assim que todos os espíritos adormeceram, Nangila mergulhou no lago. Ela encontrou a erva e colocou-a no saco. Enquanto nadava até à margem, as ondas começaram a subir.

Quando Nangila chegou à margem do lago, os espíritos tinham acordado. Ela ficou com medo, mas começou a cantar a canção que a velha lhe tinha ensinado: "Eu, filha de Wekesa, sou do lago. Vim aqui porque os homens tiveram muito medo de vir. O meu pai precisa desta erva para curar a sua ferida. É por isso que estou aqui, na terra onde muitos têm medo de chegar, pois vós sois os governantes."

A voz de Nangila era tão melodiosa que os espíritos lhe pediam para cantar para eles, uma e outra vez. O seu canto mandou os espíritos de volta para o sono.

Então, Nangila correu muito depressa até chegar à sua aldeia.

Todos estavam à espera que Nangila regressasse. Depois de tratar a ferida com a erva, o seu pai conseguiu ficar de pé novamente. A aldeia inteira dançou e elogiou Nangila.