Há muito, muito tempo, havia um rei chamado Kayanja. Ele vivia num palácio com a rainha e a sua filha, a princesa Apenyo. A princesa Apenyo era uma jovem mulher tão bonita, que todos os homens queriam casar com ela. Mas o rei Kayanja pedia um dote de casamento muito elevado pela princesa.
Perto do palácio do rei Kayanja vivia um chefe chamado Aludah O Grande. Chamavam-lhe "O Grande" porque todos nas redondezas lhe obedeciam. (Ele era muito violento com aqueles que lhe desobedeciam!) A esposa do chefe Aludah tinha morrido recentemente de malária e ele estava à procura de uma nova esposa.
Então o velho e gordo chefe foi ter com o rei Kayanja para oferecer um dote pela princesa. Enquanto os dois homens discutiam o preço, a criada Kakembo ouviu a conversa. Ela era muito chegada à princesa Apenyo.
O chefe Aludah concordou ceder metade da sua fortuna ao rei Kayanja, incluindo uma agulha, que também fazia parte do dote. Os preparativos para o casamento entre o chefe Aludah e a princesa Apenyo foram feitos em segredo. O rei sabia que a sua filha não ficaria contente com a sua decisão.
Uma semana antes do casamento real, a criada Kakembo abordou Apenyo. "Minha querida princesa, o seu pai organizou o seu casamento com o chefe Aludah, que vai ter lugar daqui a uma semana", disse Kakembo.
A princesa Apenyo ficou chocada e a princípio não sabia o que fazer. Depois pensou: "Nunca irei casar-me com o chefe Aludah, aquele velho gordo. Nunca! Tenho de ir falar com o Trevor e ver o que pode ser feito antes que seja tarde." O Trevor era o namorado da princesa Apenyo.
Nessa noite, Apenyo escapuliu do palácio. Se o seu pai descobrisse onde ela ia, ficaria muito zangado. Ela correu pela floresta densa e escura, sobre pedras e arbustos, até atingir finalmente o seu destino. Quando chegou a casa de Trevor, estava cansada, esfomeada e sequiosa.
"Meu amor, por que percorreste esta longa distância sozinha e a esta hora tardia?" perguntou Trevor. Ele foi buscar água para ela beber e disse-lhe para descansar. Trevor não conseguiu sossegar enquanto esperava que Apenyo falasse.
"Minha querida princesa, o que se passa?" perguntou Trevor. Apenyo respirou fundo e disse tristemente: "O meu pai quer que eu me case com o chefe Aludah O Grande. Mas eu não posso casar-me com aquele homem horrível. Trevor, quero casar-me contigo, não me importa que sejas pobre. Estou pronta para sofrer. Eu amo-te."
"Mas, princesa, não tenho nada para oferecer como dote, sabes que sou um rapaz pobre", pranteou Trevor. Apenyo respondeu: "Eu sei, mas só posso casar contigo." Ela pensou durante uns momentos e disse: "Vamos ter com Kategga, o barqueiro, para que ele nos leve para o outro lado do rio. Assim podemos escapar e o meu pai nunca nos encontrará."
No palácio, o rei Kayanja tinha descoberto o desaparecimento da princesa Apenyo e ordenou aos seus súbditos que a procurassem por toda a parte na aldeia. Os guardas do rei, soldados e restantes pessoas procuraram, mas não conseguiram encontrar a princesa Apenyo. Voltaram para junto do rei e disseram-lhe que não conseguiram encontrar Apenyo. "Então procurem na floresta", ordenou o Rei Kayanja. Ele estava muito aborrecido.
Enquanto a princesa Apenyo e Trevor corriam para a margem do rio, nuvens negras começaram a aglomerar-se no céu. Aproximava-se uma grande tempestade.
Kategga, o barqueiro, estava a atracar o seu barco quando o jovem casal o abordou. Trevor pediu-lhe para os levar para o outro lado do rio. Kategga recusou-se, explicando que a tempestade estava iminente e que seria muito perigoso.
Trevor insistiu e explicou a Kategga por que tinham de atravessar o rio. Depois meteu a mão no bolso e tirou um búzio para lhe dar. Quando Kategga ouviu a história e viu o lindo búzio, teve pena deles. Então, concordou levá-los para o outro lado do rio apesar do mau tempo.
Kategga puxou o barco para perto da margem e disse-lhes para entrarem. Pegou nos seus remos e começou a remar. Quando o rei Kayanja e o chefe Aludah chegaram à margem, viram três pessoas no barco e perceberam que os jovens namorados tinham escapado.
Ventos fortes sacudiram o barco e Kategga perdeu o controlo. O rei Kayanja gritou: "Apenyo, por favor volta! Perdoo-te e nunca irei castigar-te, nem a ti nem ao Trevor." Mas era demasiado tarde. O barco virou e atirou as três pessoas para a água bravia. Todos se afogaram. Após aquele dia, todos no reino do rei Kayanja passaram a poder casar-se com quem queriam, rico ou pobre.